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terça-feira, 28 de maio de 2013

GREVE NA EDUCAÇÃO: SINDICALISTA AFIRMA QUE VANE E WENCESLAU TRAÍRAM OS PROFESSORES

Norma Guimarães, presidente do Simpi.
Norma Guimarães, presidente do Simpi. Imagem: Gabriela Caldas/Blog do Gusmão.

A greve dos professores da rede municipal de Itabuna, iniciada no dia 22 de maio, expõe contradições no discurso do homem público Vane do Renascer.  

Os educadores afirmam que o vereador Vane defendia os reajustes solicitados pela classe. Agora, como prefeito, o discurso é outro, completamente diferente.

A classe também reclama da falta de condições de trabalho, da violência nas escolas e não se vê representada pela secretária de educação, Dinalva Melo.

Leia a entrevista da Professora Norma Guimarães, presidente do Simpi (sindicato do magistério municipal público de Itabuna).

BG. Durante um protesto no Centro Administrativo Firmino Alves, antes do início da greve, vários professores cantaram o samba da traição para o prefeito Vane. A classe se sente traída por quais motivos?

Norma Guimarães. Ano passado Vane e Wenceslau participaram da nossa caminhada dizendo que os 15% de reajuste que tivemos para os níveis II e III não era justo. Por que agora que ele está no governo acha que é muito? Muitos professores apoiaram a candidatura de Vane, e agora nos sentimos traídos justamente porque ele fez muitas promessas e não está cumprindo. Desde o inicio do ano estamos sofrendo com parcelamento em 16 vezes do mês de dezembro, o corte dos adicionais do plano de carreira, entre outras coisas. O governo Vane mente dizendo que nunca houve um reajuste linear. Houve no primeiro ano do antigo governo. Tivemos 12% para os níveis I II e II. Demos um voto de confiança acreditando na mudança, mas a mudança é para ampliar direitos e não retira-los, como está sendo feito.

BG. Como a senhora analisa o início do governo Vane na educação?

Norma Guimarães. Está havendo um descaso com a nossa categoria. Em janeiro nós trocamos nossas férias por paradas na porta da prefeitura.  Um terço de férias que deveria ser pago em janeiro só foi pago em fevereiro. O retroativo de dezembro o senhor Wenceslau disse que só pagaria em 16 parcelas, pois a dívida não era do governo atual. Nós conseguimos bloquear pouco mais de 1 milhão do governo anterior para pagar o mês de dezembro e Vane queria pagar primeiro os consignados ao invés dos professores. Tivemos que ir ao Ministério Público para conseguir esse pagamento. Desde janeiro foi cortado o adicional noturno, gratificação de diretores e vice-diretores, licença para mestrado e doutorado. Foram cortados também o auxilio deslocamento do pessoal que trabalha no campo e o vale intermunicipal dos professores que moram em outras cidades e trabalham em Itabuna. É um desgaste muito grande para nós. A pauta de revisão salarial foi entregue no dia 27 de março. Tivemos a primeira rodada de negociações sem a presença do prefeito e vice- prefeito. Depois disso eles não fizeram o acordo justo com os professores. Querem reajustar apenas 7,97%. É um absurdo.

BG. Como está a relação entre o sindicato e a secretária Dinalva Melo?

Norma Guimarães. Na penúltima caminhada os professores decidiram fazer uma faixa que dizia: “Fora secretária de educação, você não nos representa”. Ela não nos representa porque senta na cadeira da secretaria, não vê que existe um plano de carreira e baixa portaria contra uma lei. Ela mostrou que não está do lado dos professores. Só quer tirar os nossos direitos.

BG. O que vocês estão pleiteando com essa greve?

Norma Guimarães. Estamos lutando pelos 15% de reajuste para os professores do nível II e III dividido em três vezes, condições plenas de trabalho, materiais para limpeza e para as aulas, merendeiras, porteiro, funcionários para serviços gerais e segurança para os alunos e professores.

BG. Além do reajuste salarial, vocês lutam para que não haja mudança para o regime estatutário. Em que essa mudança prejudicaria a classe?

Norma Guimarães. É mais uma retirada de direitos. Um dos benefícios que vamos perder é o FGTS, pois o regime estatutário desobriga o governo a depositar os 8% no Fundo de Garantia do servidor. Com o dinheiro do FGTS o professor pode comprar sua casa própria. No caso de doença pode retirar o dinheiro, e na época da aposentadoria poder usufruir do benefício. Além disso, com a mudança as ações na justiça sairão da justiça do trabalho para a justiça comum, que é mais lenta. Por isso, dizemos não ao estatutário para continuar com o celetista. Ficamos sabendo que o governo Vane vai enviar essa proposta de mudança à câmara, por isso já mandamos um oficio para os vereadores avisando que não concordamos com isso. Nós contamos com o apoio da câmara. Essa mudança só beneficia a máquina pública ao invés de beneficiar os professores.

BG. Qual a real situação das escolas municipais hoje? Elas dão plenas condições aos alunos e professores?

Norma Guimarães. Os professores estão sem condições para dar aula. O aluno não tem merenda. Muitas vezes a aula precisa acabar mais cedo por falta de água.  A violência tem aumentado, a exemplo do aluno que ameaçou a professora com uma arma, na semana passada. Não temos merendeira nem porteiro. Nas creches as aulas começaram só em abril e muitas não têm professores. Falta tudo, sobretudo, respeito e dignidade para com o professor.

Entrevista: Gabriela Caldas.

FONTE:Edição: Emílio Gusmão.

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